quarta-feira, 21 de maio de 2008

O canetão

1988. Lembram? De repente umas caixas enormes são descarregadas de umas kombis na porta da escola. A Teresona manda a gente fazer uma fila. Suspense no ar. Aos poucos, os marronzinhos vão saindo com uma misteriosa caixa em mãos.

Doação da prefeitura. Da caixa, saíam cacarecos inúteis como papel almaço, sulfite, lápis de cor, pastas de papelão, borrachas... mas eis que meus olhinhos brilharam: no fundo, haviam três CANETÕES. Um vermelho, um preto e um azul. Foi o dia letivo mais feliz daquele ano.

Claro que a escola toda virou um festival de pintura rupestre. Era pichação até no teto.

E nos banheiros, então? Eu deixava recados do tipo "as meninas do colegial noturno são tudo piranha" (detalhe: eu não conhecia ninguém). E no dia seguinte vinha a réplica, com insultos à altura. Muito instrutivo.

E as marcas da delinquência se estenderam pelas adjacências do colégio. Na parede do cemitério. No poste do ponto de ônibus. DENTRO DO ÔNIBUS. No tênis marrom. Na banca de jornal...

Eis que o reformatório foi levado de excursão pro Playcenter. Lembram como ficou todo o metal da montanha russa? Acho que aquele dia eu escrevi até na testa da Monga! Uia!

Enfim, meu canetão teve um fim triste: vazou dentro da minha mochila de veludo cinza. Minha mãe me fez lavar aquela porcaria até meus dedos sangrarem, mas em vão. A mancha ficou e eu tive que frequentar a escola com aquela porcaria até o fim da oitava série!

E você, o que fez com o seu canetão?

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